terça-feira, junho 07, 2005

 

Aventuras na terra do meu corpo VI


Estou deitado nu no chão há vários dias com os braços dobrados sobre o peito. Estou à escuta; estou à espera. Olho para o tecto branco; olho para o chão. Um carreiro de formigas fez caminho através da floresta de cabelos na barriga até ao meu umbigo, esse confortável ninho forrado a cotão e destroços variados. Sinto que estão a escavá-lo, talvez à procura dos rubis a flutuarem no meu sangue ou das safiras incrustadas no meu coração. Alguma coisa elas levam de volta para o formigueiro, porque o carreiro é grande e parece estar a engrossar. Acho que vou fechar os olhos e em silêncio tentar ouvir as conversas que as formigas têm entre si, enquanto se ocupam a desmontar-me e a levar os fragmentos de mim de volta para o esconderijo delas.

Banda Sonora: DJ Shadow — Building Steam with a Grain of Salt.



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