sábado, maio 14, 2005

 

Quando eu era louco


Quando eu era louco e andava engasgado com o Terrível, escrevia horríveis pastiches Joyceanas como esta:


No canil das noites todas as noites que desceram a noite pela fenetra sobresta noite. Nem vistas de som a cair, nem vento nem pálpebra sob o fervor das estrelas. Foi furlonado de cabeça crânica songolento e sonamburlesco de fusguida do pavor da choridão. A vi. Entre chapões de mániacas fonomáticas, já aos solavancos com uma febre de lírios a muda fua de tarantela racha parto das goteiras dos telhaços no felpo das ampenas. E vi a fauce pestanadejante e os cabelos pontinudos em eschamas. E vi as broboletas dos olhos minúnculos e astanhos baterem nas sonoras feridas de luz. De pois algures ali a árvore da noite acorda e… nós. Tempo? Esperarei. Então se tudo continuar. Até mais o que for é. É. Até que seja mais tempo. Um caminho sozinho último amado ao longo de. Coxeei um sim de olhos fundidos. Sim

Mas agora já não sou louco. Agora sim, agora estou curado. E ao reler as raspas da prosa de desvios e colisões, ortogonal ao bom gosto e mutilada por ortografia desconexa, fico descansado por já não ser assim: louco e engasgado.



Comments:
Eu iria gostar de ser louco e engasgado. Nunca consegui passar de ligeiramente demente (tal como a grande maioria dos demais)
 
... nem que fosse por uma década ou duas
 
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