sexta-feira, maio 06, 2005

 

Dos Três Cavaleiros e da Camisa


Na Idade Média, uma idade notável, romântica e racional ao mesmo tempo, cavaleiros andavam por essa Europa fora em torneios, a esmagar as cabeças daqueles que ousavam não proclamar a sua Mui Amada Senhora como a mais bendita em todas as terras da cristandade. Durante esses torneios, os espectadores femininos lançavam os seus adornos em direcção aos cavaleiros. Muitas mulheres chegavam ao fim de cabeça descoberta e sem mangas. J. Huizinga resume em o Declínio da Idade Média um poema do século XIII intitulado Des Trois Chevaliers et del Chainse (Dos Três Cavaleiros e da Camisa) da seguinte maneira:


A mulher dum nobre de grande liberalidade mas não muito amante da luta manda uma camisa sua a três cavaleiros que a servem por amor, a fim de que um deles, no torneio que seu marido vai promover, a use como armadura e sem cota de malha por baixo. O primeiro e o segundo cavaleiros escusam-se. O terceiro, que é pobre, toma a camisa nos braços, à noite, e beija-a apaixonadamente. Aparece no torneio vestindo a camisa e sem cota de malha; é gravemente ferido e a camisa, manchada de sangue, fica rasgada. Então descobre-se a sua extraordinária bravura e concedem-lhe o prémio. A dama dá-lhe o seu coração. O amante exige, por seu turno, alguma coisa. Devolve a camisa à dama, toda ensanguentada, para que ela a use sobre o vestido durante a refeição com que a festa vai terminar. Ela beija-o ternamente e aparece ostentando a camisa como o cavaleiro tinha pedido. A maior parte dos presentes censuram-na, o marido fica humilhado e o menestrel remata fazendo a pergunta: «Qual dos dois amantes se sacrificou mais pelo outro?»


Comments:
Mestre,

Voltei aqui para tentar achar a ironia sobre o outro post, mas acho que vou dormir tentando achar outra.

Tudo é instigante.

O sacrifio desses (ou dos) amantes poderá ser comparado e medido?

Beijos
Daniela
 
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