terça-feira, maio 17, 2005

 

Cinderela: Take VI


Eles são duas crianças
A viver esperanças
A saber sorrir.
Ela tem cabelos louros
Ele tem tesouros
Para repartir.
Numa outra brincadeira
Passam mesmo à beira
Sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados
E são namorados
Sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia
Como por magia
No autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo
"O meu nome é Pedro
E o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho
E respondeu baixinho
"Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu
Ele adormeceu
E sonhou com ela

[Refrão]
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias
A avivar memórias
a deixar mistério
Já o fez andar na lua
No meio da rua
E a chover a sério.
Ela, quando lá o viu
Encharcado e frio
Quase o abraçou.
Com a cara assim molhada
Ninguém deu por nada
Ele até chorou

[Refrão]

E agora, nos recreios
Dão os seus passeios
Fazem muitos planos.
E dividem a merenda
Tal como uma prenda
Que se dá nos anos.
E, num desses momentos
Houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela
"Sabes Cinderela,
Eu gosto de ti..."

— Carlos Paião, Cinderela.

Via Bomba Inteligente, podem ouvir aqui a música, a letra está em cima. Obrigado à SLIH pela canção.

1-1-1980: Uma nova década só para mim. 13-5-1981, 16:23: Comi a minha merenda. Sozinho. Algures no final dos anos 80, princípio dos 90: Olá, eu sou - tu sabes quem eu sou. 7-8-1994: Um passeio, dois passeios, três passeios. Passarinhos a pipilar. Restaulante chinês? eu falale. Das 10 horas às 12 horas torturas medievais. 8-8-1994: Sobre o dia anterior: acho que estou a fazer confusão. A tortura foi anterior. Aquilo passou-se entre as estátuas de pedra e as árvores de sal (estou a brincar, tonta!) 23-8-1996: Tu dormes (...) (...) eu ando na lua. Caí por um buraco no espaço-tempo. Tu dormes (...) (...) eu, um :o) um :o( ando na lua. 1997: Firme decisão em só escrever bilhetinhos. 14-11-1999: No metro juntos em pé. Estrangulada com Arco-Íris (oh... uma bolha de ternura desprende-se da minha boca). 16-11-1999: Constipei-me. Tinha-me molhado. Tinha-me chovido. 24-10-2000: Daqui a quatro anos (menos um dia), às 14 horas, 33 minutos e 17 segundos: uma lágrima grossa rolará para fora do olho (empurrada por um minúsculo Sísifo), cairá ao chão e partir-se-á em mil fragmentos. (??-??) Interregno de anos em poemas de morte no deserto deserto. 15-6-2002: Descubro que gosto de repetir as palavras imitando os gagos. As palavras as palavras. 19-2-2004: Uma tarde: Sentados em cima de uma estrela com os pés a baloiçar (como as crianças) a beber chocolate. 16-6-2004: 8:32: Saí de casa. The sky is blue and I'm falling; the weather is fine and I'm falling. 8:36: Tenho a braguilha aberta! 8:47: O rasgão de um papel branco voou pelo ar impulsionado pelo vento. Um bilhetinho? (esqueci-me da data): Houve sentimentos a falar por si. Houve mesmo? (Lembrei-me da data): Sim. De 1-1-2005 a 28-2-2005: Devo ter morrido, vejo fantasmas à minha volta. 19-6-2008: (escrito, esquecido, rasgado, há muito muito tempo) Sabes, eu gosto de ti. 33 segundos depois: Lembras-te? A ilusão é a mãe da retenção. 50 anos de tempo de morte de morte: que posso eu dizer que já não tenha sido dito? Meras notas de rodapé. 11-3-2061: 3h:23m:11s Uma célula estourou como uma borbulha. Uma célula estoirou como o coração estoura num enfarte de miocárdio. General coração desvairado: ordem de prisão! Costumava eu dizer (vá, sorri, ninguém ouve, ninguémmmmm entende, ninguém...) Seis meses depois (aproximadamente): Foi diagnosticada a presença de um corpo estranho dentro do meu corpo. Deram-lhe o nome de cancro. 20-6-2062: 23:59: Aproximando-me da meia-noite, sentado numa cadeira de rodas, contemplando a morte. A morte veio calçar-me. Ou es tu?. Onde estão os meus chinelos? Caberão eles nos meus pés inchados? Epílogo: No caixão, a ser comido por vermes (dia e hora indeterminados): Sabes, ma cendrillon, ma cendrillon, je t'aime je t'aime je t'aime je t'aime je t'aime. Repetir até ao fim da eternidade.

Banda sonora adicional: Van Morrison — The way young lovers do.



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