sexta-feira, fevereiro 18, 2005

 

Flores no céu


Já há muito tempo, J. L. Borges esclareceu definitivamente que as flores são, não os ocasionais enfeites de amor ou acessórios para os vivos mas o tributo que prestamos aos nossos mortos. O poema Mortes em Buenos Aires termina da seguinte maneira (tradução de Fernando Pinto do Amaral):


Disse o enigma e direi também a sua palavra:
sempre as flores haverão de vigiar a morte,
porque sempre nós, homens, inexplicavelmente soubemos
que a sua vida dormente e graciosa
é a que melhor pode acompanhar os mortos
sem nunca os ofender com a soberba da vida,
sem ser mais vida do que eles.

A fotografia acima é da nebulosa Rosette (ou NGC 2237) à distância de cerca 5000 anos-luz. Pergunto-me quem é que terá morrido para Deus celebrar a sua morte atirando contra o céu escuro uma tal Rosa solitária.


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